sábado, 11 de julho de 2009

Vontade de voar (ledo engano) ou Voar para quê?

Largar tudo à sua volta e bater asas afastando-se do chão. Mas o tudo o que é? E o chão o que é?

Perceber-se rodeado por algo não simboliza uma prisão, à menos que esse algo não lhe diga nada. Atender, estupefado que seja, à inúmeras linha e setas e tracejados e pontilhados que nos levam de encontro à diversas coisas, nada mais é que reconhecer o nosso não-isolamento. Ainda que não nos acalente, seremos no mínimo integrantes de uma teia de solitários que assim se acham por outrossim não terem se encontrado. Não estamos sós, isso é fato.

O chão nada mais seria que uma superfície concreta onde pisamos, apoiamos nossos corpos e sobre o qual erguemos projetos. Seria então este o epicentro de nossa estabilidade "já tão esquecida" sobre o qual firmamos nossos sonhos em labirintos de cartas marcadas.

Então a reta, em um movimento ousado gira em torno de si mesma e retorna ao ponto de partida. Voar para quê? Para rejeitar aquilo do qual se faz parte? Para abandonar a base firme de seus projetos? Só para sentir o vento de encontro ao rosto e poder ver tudo pequeninho? Diminuir o tamanho das coisas à nossa vista não as diminui realmente. Nem as tornam mais fáceis.

No fim é como uma garota me disse: Somos Todos Imperadores Sérios em Quartos de Hospício.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Vontade de Transformar

De todas as formas aquela era a estação, ninguém podia negar o quanto tudo era propício naquele momento, por tudo pelo que tinha vivido não havia melhor forma para expressar o sentimento que já lhe azedava a boca. Do futuro não se espera, se faz! E não havia empreendimento nenhum em mente.

Feche os olhos – conte até três – abra os braços – espere – continue de olhos fechados – siga em frente – sinta o cheiro – não pare – não tenha medo – pare – abra os olhos – seja bem vindo ao paraíso!

Como brasa seus olhos ardiam, (taquicardia) água em gota brotava!

Não é escuro, pelo contrario a claridade brutal do sol age por todos os cantos – é possível vislumbrar todos os estados, todos os graus, todos os movimentos internos.

Desespero!
Não conseguia dar um cheiro a tudo aquilo.

Uma criatura – humana talvez – estava longe demais – (apreensão) – ela se moveu – começou a caminhar – minha direção – olhos nos olhos – fome? – não – necessidade? – não – (suposições) – chegou – perguntou: tudo bem?


Nada de novo, tudo como tudo podia ser!

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Vontade de Sonhar

O tempo já não é mais o mesmo – o espelho insistentemente me avisa – e a vida já não é tão simples, disso alguns ainda discordam. O tempo antes de cada ação se alarga assustadoramente e o que era um segundo interposto entre o pensar e agir, torna-se uma infinidade de talvez, será, e se. Um buraco que se abre à certeza, uma dúvida que acalenta uma vontade.

Estendo a mão e, onírico, posso tocar no tempo, mas não sei manuseá-lo. Então surge aquela vontade de esticar as pernas, de parar o que quer que seja e apenas respirar mais fundo. De sonhar acordado andando pelas ruas que transitam nas pessoas estagnadas, por lugares coloridos que saltem à vista e nos deliciem ao passar. Sonhar com o tempo que se foi e a certeza que não veio, o muito que faltava e a resposta que não deram, o caminho que te indicaram no mapa e não estava certo.

Vontade parar, vontade de descanso, para depois continuar e pedir pra voltar do começo. Vontade de sonhar que não foi em vão, que sempre dá tempo, que falta só mais um pouco, antes de podermos moldar nas mãos o vento.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Vontade de Reinar

Eu me acordei com uma sensação estranha, eu vejo movimento na colina do leste e sei que não é o vento, tenho medo do que a noite de hoje, de manhã e qualquer outra me reserva... O engraçado é que sempre fui uma criatura noturna, mas agora sem o sol me sinto sem proteção e a mercê de todo o mal; se me conheces, sabes do que falo.

(...)

Talvez no fim de tudo não haja mais um pingo de humanidade em mim, seja lá o que isso signifique. Todos os erros serão injustificáveis perante a justiça de minha consciência e o fogo será o alimento de meus inimigos!

(...)

Olhe para cima e assista meu carro atravessar o céu poente - quando isso acontecer nada mais vai ser como é! Por isso fuja de mim, criança! E até breve...